Páginas

terça-feira, 8 de junho de 2010

Sem título

Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac. O relógio marca 01:52 de uma fria madrugada em uma sexta feira de lua minguante. Me levanto sonolentamente, fecho o caderno e apago a luz. Caminho lentamente de volta para a cama, com medo de tropeçar no velho par de all star jogado no meio do quarto e deito. Me encolho. com o desejo de que o calor da cama  e do edredom me levem a um lugar melhor do que a escuridão daquele tão solitário e frio cômodo. Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac. O relógio agora marca 01:58 e começo a adormecer profundamente. Quando dei por mim, estava em um lugar tão claro que era de doer os olhos. Esse lugar estava repleto de pessoas que passaram pela minha vida. Era tudo tão bonito. E quentinho...Não me lembrava de uma sensação mais prazerosa. Mas de repente, essas pessoas começavam a andar. Cada vez mais. Pra longe. Longe de mim. Eram como folhas secas em época de outono após uma ventania. Corro. Sem ter quem alcançar, sem nem ao menos onde chegar. Grito. Mas o mais alto que eu conseguia não era o bastante. Minha garganta ardia como fogo a 1000°C. Só então me rendo. Choro. Compulsivamente. Quem sabe assim, tudo poderia voltar a ser como era antes. Mas mais uma vez eu me engano e caio. Não por cansaço, mas por fraqueza. Olho em volta e não vejo ninguém. Só o clarão que já não me cegava mais. Me encolho. Com o desejo de poder ter alguém novamente. Solidão. E tudo voltou a ser frio e escuro. Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac. O relógio marcava 02:35. E nada mais fazia sentido. Noto meus olhos úmidos e o cabelo colado na testa pelo suor. Me perco nos pensamentos e adormeço novamente.
Dessa vez o lugar continuava escuro e frio. Muito frio por sinal. Meu dedo mínimo do pé parecia não fazer mais parte de mim, e meu nariz estava gelado, semelhante ao de um cachorro. Esfregava minhas mãos querendo gerar algum tipo de calor, mas era inútil. Me deparo com pessoas andando. Cada vez mais. Para perto. Perto de mim. Eram como roseiras em época de primavera. O grupo era consideravelmente menor do que o anterior. E ao se aproximarem de mim, trouxeram também um calor familiar e agradável, que me reconfortou de uma maneira tão singular e única. Foi então que percebi que nunca estivera sozinha de fato. Choro. Compulsivamente. Quem sabe assim as coisas poderiam continuar desse jeito para sempre? Mas na realidade, não estava me importando muito com isso. Não agora...
Abro os olhos.
Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac. O relógio marca 09:40 e o quarto que era escuro e frio, agora é iluminado pela luz do sol de uma linda manha de sexta feira. Sou tomada por uma alegria imensa. É como se eu soubesse mesmo que tudo ficará bem. E ficará né? Bom, disso eu não sei, mas acredito muito que tudo tem o seu tempo certo para acontecer, e é só isso resta. Para mim, e para você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário